Ter relação aberta com um homem casado?
Depois vão para casa da respectiva. De avião ou de carro.
Há pouco tempo: Gosto de andar com homens casados. Um de cada vez (risos). Já viste o que é aturar um homem quando está doente? (a sorrir) ‘Tenho ali as malas em baixo, separei-me.’ (gargalhada) Meu querido, tem aqui um hostel perto.
Fez-me voltar à história da relação aberta de mais anos que tive. No final de 1986 as viagens do Yigal a Lisboa passaram a ser mais frequentes. Na recepção do Ritz deixaram de fazer vista grossa, já estava registada, mas a factura aparecia só como 1 pessoa. Em Março fez questão de vir celebrar os meus 37 anos. Ficou a conhecer a família toda no almoço na minha casa de fins de semana perto de Sintra. Quando chegou o bolo de anos ainda estava a ver que contava a história do bobó de chocolate que se tinha passado na véspera. Depois vejam o vídeo!
Foi no tempo da revista Élan. Além do muito trabalho, eu andava numa roda viva de cocktails, festas à noite, etc. Sempre rodeada de homens, muito solicitada. Às vezes acompanhada por amigos dum passado recente. O que só foi motivo de pequenas provocações. Nunca de ciúmes. Nem de muitas perguntas. ‘Tenho muita estrada de vida. Quero que te sintas livre’.
‘Onde queres celebrar os nossos 6 meses? Nunca foste a Paris!?’ A vida é feita de momentos. Este deve ter sido o meu mais feliz e completo. Conseguiste tornar esse fim de semana de Abril memorável. Quando de Lisboa cheguei ao Hotel Ritz Place Vendôme (sim, o da Princesa Diana) tinha a chave do quarto à espera com recado que o teu voo estava atrasado. Resolvi esperar no bar e sentei-me no pequeno jardim. Muitos homens, de negócios, estrangeiros. Ao fim de meia hora os olhares de uns árabes tornaram-se demasiado óbvios e um barman 'That gentleman would like to invite you for a drink'. Oh?! I'm waiting for a friend.’
Quando finalmente chegaste, retribuí com muito mais gozo o grande e demorado beijo. E fiz de propósito para o xi-coração me fazer ficar pendurada no ar (também não é preciso muito...). De braço dado, dei uma de Viúva Porcina: 'See, I'm taken for the whole weekend and more...'. Só não pisquei o olho porque terias ficado furioso com a história. Não por ciúmes. As relações judeus-árabes era o único tema de discussão entre nós.
Ficámos numa suite. Saímos uma única vez para ir à Torre Eiffel e jantar no ‘Le Petit Zinc’ em St. Germain. Uma brasserie tão romântica com todo o seu Art Nouveau. De onde tinhas memórias duma namorada francesa. ‘Oh, I’m not the first one you bring here’ (risos).
Nesses 3 dias perdemos noção do mundo, víamos se era noite ou dia pela janela da mansarda. Eu já recebia o carrinho do room-service a rir: de roupão, com cara de cama, cheiro de fêmea satisfeita. Nos intervalos pusemos as nossas vidas a nu. Fiquei fascinada com as tuas histórias no kibutz em Israel. E divertida: os furinhos no teu rabo eram de uma bombinha que tinha rebentado antes de tempo.
Dias depois recebi a tua 1ª carta. De Bangkok. Que bom saber que também estavas a ficar louco. Que te apetecia telefonar-me todos os dias. A tua voz fazia-me tanto tesão. Tudo em ti.