Depois do fim de semana em Paris, passei a ter uma vida paralela. A duas velocidades. A diária, muito rápida. Casa, família, pegar no carro. Trabalho, ambiente frenético com o lançamento da revista ‘Élan’. Saídas todas as noites: Banana’s, Stones, Frágil, Trumps.
Depois contigo era tudo em slow motion. Os encontros intensos de poucos dias. O mundo parava quando estávamos juntos. Acho que nenhum de nos entendia bem o que se estava a passar. A necessidade de ouvir a voz um do outro cresceu para a premência de sentir o corpo perto. Um do outro. Tornou-se um vício. Sexual? Também. Lisboa passou a ser o teu refúgio entre viagens, já deixavas uma mala com roupa no hotel Ritz. E virou rotina jantar no Pap’Açorda.
Eu vivia na ansiedade do próximo bilhete de avião: Maio, Florença; Junho, Frankfurt; Julho, Londres. Tornou-se obsessivo dar-me prazer. Foi o que senti durante o fim de semana no hotel Villa Cuore, a olhar para Florença em baixo. Era tão querido o orgulho com que me exibias no jardim aos poucos hóspedes japoneses. Quase pueril. Tive de dizer que era luxo a mais. Que só queria estar contigo. Na ponte Vecchio ri-me com a tua discussão com uns judeus por causa dum anel que querias oferecer. Insisti que só se fosse em ouro branco. Uma aliança dupla com diamantes pequenos. Que 30 anos depois ainda uso.
Em Agosto vieste passar uns dias de férias connosco na Madeira. Na piscina do hotel Savoy muitas pessoas conhecidas. ‘Foi namorado da minha mãe!’ Os dois a provocarem-me. ‘Só viveste aqui 2 anos? Estiveste muito ocupada!’ Todos a rir. ‘Desde os 15 anos vim passar todas as férias na Madeira. Muitos namoros de verão’. No Monte ao tirar essa fotografia. Puseste a minha mão em cima do teu sexo. ‘I’m horny, again.’