Pedidos de ajuda para resolver problema sexual
Imaginam eu ver, ao vivo e a cores, os dois recém-casados na cama?!
Tinha 21 anos a 1ª vez que me pediram ajuda para resolver um problema sexual. Era evidente que a minha amiga de 18 anos estava insatisfeita, só que tinha dificuldade em explicar com o quê.
Além de na altura eu já falar abertamente sobre amor e sexualidade, o casal conhecia bem o caso com o pai da minha 1ª filha, 30 anos mais velho. Recém-casados viviam em casa da mãe dele. Sabia que era o seu primeiro namorado. Ele, de 20 anos, era do género pinga-amores.
Imaginam a minha cara com a proposta de eu ver, ao vivo e a cores, os dois na cama?! A conversa a três não estava a levar a lado nenhum. Pior, ele estava irritado e começou a falar alto. Bom, o pior mesmo era a mãe ouvir aquela discussão…
Cena surrealista. A Isabel Maria sentada numa cadeira, a olhar divertida os dois na cama. Nem 5 minutos e mandei parar tudo. Tipo coelhinho, ele já estava quase nos finalmente e ela nem tinha arrancado. Ao fim de 2 aulas de preliminares, sem penetração, tudo resolvido.
Uns anos mais tarde fiquei meia ofendida com o 2º pedido de ajuda. Um ex-namorado ‘Dei uma nega, posso ficar contigo para ver se está tudo bem?’. Que é isto!? Já chegámos à Madeira?! Ups, foi lá mesmo. Uma coisa é eu gostar que tenham confiança para falar à vontade comigo. De, naquele ambiente conservador do Funchal, as minhas relações abertas serem mais que públicas. Só que entre amigos, achei que era falta de respeito. Senti que estava a ser tratada como ‘objecto’. Fomos jantar e a amizade de outros tempos foi mais forte. A noite foi animada, com muito carinho, sem qualquer problema. Depois senti-me contente ao vê-lo abraçado com a companheira inglesa no Clube de Turismo ou a dançar nas Vespas.
A última vez que me pediram ajuda foi há poucos anos. A surpresa do telefonema ‘Depois dos 50 é normal que já não dê nada?’ Uma grande gargalhada. ‘Nem pensar, querido! O que se passa?’. Ao longo de muitos anos fui a sua confidente. Dos amores. Das namoradas, das mulheres. Tivemos uma relação aberta. ‘Contigo é tão bom. E depois, gosto de dormir assim em conchinha.’ Por mim era tranquilo, ele numa festa estar com alguém conhecido e depois vir ter comigo. As namoradas eram mais que para aparecer no social. Com alguma discrição falava abertamente sobre com quem andava. Com 30 e poucos anos era um muito bom amante.
Quando eu vivi no Brasil foi várias vezes a S. Paulo em trabalho. Íamos jantar, pôr a vida em dia. Parecia estar feliz com a 3ª mulher. E com os filhos. Ainda estivemos juntos no Rio. Daí a minha surpresa com o telefonema, já no meu regresso a Portugal.
Jantar no Hotel Ritz para matar algumas saudades. Os empregados estavam admirados: nenhum dos dois é de falar baixo e a conversa era claramente pessoal. Além de que gosto de rir. Alto. A situação era séria. A vantagem de ser uma amiga. Nem sexóloga. Nem terapeuta. Fartei-me de rir. Como era possível que tivesse arrumado as botas?! Que achasse normal ao fim de 10 anos olhar para a mulher como ‘uma irmã’?! Sei que os acessórios da Maleta Vermelha e os conselhos práticos deram resultado. E que continuam a ir passar uns fins de semana a dois. Para namorar. Essa foi uma ideia que gostei do Brasil: os casais casados irem a motéis para uma noite diferente. Numa suite com jacuzzi, até os filmes pornográficos têm alguma graça.