No final de 1988 a Élan começou a ser apelidada de Playboy socialista. Com a saída de Carlos Barbosa (Correio da Manhã) e Luís Penha e Costa (VASP) ficaram só os sócios da CEIG, a cooperativa gráfica e editorial ligada ao Partido Socialista. Nesse ano fui convidada para ficar responsável pela Publiceig , concessionária de publicidade de vários títulos, além da Élan, a revista de economia CLASSE, o Confidencial Imobiliário e o Confidencial de Negócios. No pacote vinha também a coordenação da redacção do A Europa dos Socialistas, publicação mensal do Grupo Parlamentar do Partido Socialista. Gostei da ideia de viagens frequentes a Bruxelas e a Estrasburgo para participar em reuniões. Recusei entrar de novo para o PS.
Imaginam o Parlamento Europeu ficar suspenso com a aparição da Edméa Brigham a descer a escadaria com uma bruta máquina fotográfica a tiracolo? Era preciso actualizar o portfólio de fotos dos deputados portugueses e dos fotógrafos possíveis achei que ia ser muito mais divertido com a Edméa. Quando chegámos a Estrasburgo fui ter com Luís Filipe Madeira ao hemiciclo do Parlamento Europeu. Disse que se podia fazer algumas fotos já ali. Fiz sinal à Edméa para descer. Fiquei orgulhosa e a sorrir com os suspiros elogiosos a vê-la a saltitar os degraus. Uma gazela. Há pouco estive a almoçar com esta querida amiga, também de família de Cabo Verde. Nem falei desta história. Será que tinha consciência do tão bonita que era (é)?
Com a abertura do concurso de concessão de licenças de TV privada, grupos internacionais estavam a comprar participações em Portugal. As negociações entre a CEIG e o Maxwell falharam. Foram bem-sucedidas as do grupo suíço Edipresse com o Cáceres Monteiro da Projornal (Visão) e com o grupo do Expresso (SIC).
Com as conotações políticas a revista perdeu o élan, dos 20 mil exemplares já só vendia metade. A Edipresse continuava com interesse na revista CLASSE. Aceitámos o convite do Pedro Luiz de Castro e fomos com os jornalistas para o bairro das Colónias. Duas histórias engraçadas. Era difícil o chefe de redacção dar informação sobre as matérias dos próximos números. Escola antiga. A publicidade era um mal que tinha de aturar. As minhas colegas já sabiam – quando eu chegava toda produzida, de saia e saltos era dia de reunião com ele. E ainda desabotoava mais a blusa. Nunca joguei tanto charme com interesses mesmo só de trabalho… Em paralelo a Vera Matagueira e a Filipa Teixeira falavam directamente com os jornalistas mais novinhos para sacar informações – o José Gomes Ferreira (agora na SIC) e o José Manuel Costa. No Rio de Janeiro em 2007 bem me ri com a Verinha a lembrar estes tempos.
A outra história tem a ver com o Paulo Trancoso e o jornal Videomania. Que funcionava também ali. Ao entrar na sala para reunião com o jornalista o cheiro era insuportável. Olhei de lado para o Paulo e para o cigarro ‘diferente’ no cinzeiro, os dois muito admirados. Era a seguir ao almoço… Quando abri a janela, grande gargalhada. ‘Podes estar descansada. Não é erva. Estou a deixar de fumar.’