O Nº 2 em Fev.1987 veio mexer com o conservadorismo editorial português. O seio nu na capa fez furor. Se o nº 1 tinha desaparecido das bancas, este foi muito disputado. Das agências de publicidade choveram os pedidos por mais exemplares. O meu pai era na altura vice-presidente da C.M. Lisboa, na gestão de Krus Abecasis. Recebia a revista em mãos. ‘Muito interessante’. Claro…
A Ana Maria Lucas ser a produtora dava acesso a conhecidas modelos de moda. A Joanne estava maravilhosa, fotografada por Tó Sacchetti na casa de José Luis Barbosa, com assistência da querida amiga Edméa Brigham.
Há uma história deliciosa com a Angelina Muniz. Da jornalista Moema Silva no Rio recebemos o pedido para ajudar a descobrir o pai da actriz brasileira. Só se sabia que era do Norte de Portugal, tinha conhecido a mãe da Angelina no Brasil e que tinham perdido o contacto numa viagem que veio passar à terra natal. Como a mãe tinha falecido, a Angelina e a irmã Rosana queriam aproveitar a oportunidade da saída desta reportagem na Élan para descobrir o paradeiro do pai.
A campanha lançada através do Correio da Manhã deu resultado e quando a Angelina e o marido, Walter Zagari, chegaram a Lisboa já sabiam que o pai vivia numa vila no Minho com a mulher e dois filhos homens e havia um encontro marcado no Sheraton no Porto. Quase a chegar ao hotel só tive tempo de dizer ao motorista para seguir em frente e ir directo para a garagem. Parecia que a vila inteira tinha vindo ter connosco. Tinha-se espalhado a notícia de quem era filha a Angelina da novela ‘Vereda Tropical’. E as fotos da Angelina na Élan tinham passado de mão em mão. Já no quarto combinámos eu ir encontrar um local resguardado só para a família mais chegada. De longe vi a Angelina abraçar os irmãos e no fim dar um beijo ao pai. Muitos risos e algumas lágrimas. Tudo longe das câmaras.
No dia seguinte regressei a Lisboa. O casal tinha sido convidado para ir à vila e ficar em casa dum dos irmãos. Parecia cena de novela os dois dias de festa, só que os personagens eram todos bem reais e nada tinha sido ensaiado. Bem documentado pelo Correio da Manhã.
Gostei imenso do casal, muito alegres, simpáticos, de bem com a vida. Contavam abertamente que os dois tinham subido a pulso, trabalharam para pagar os estudos. A Angelina como secretária e modelo fotográfico. O Walter engraxador e office-boy. Foi um prazer pedir ao meu querido primo Américo para ser o seu guia durante dois dias em Lisboa, Sintra, Cascais, Sesimbra. E ainda a levou ao Cinema Europa para ser entrevistada pelo Carlos Cruz, no programa ‘A Quinta do Dois’ que era gravado ao vivo.
Em 2002, quando eu vivia no Brasil, reencontrei o Walter numa viagem do João Tito de Morais a S. Paulo. Fiquei contente por continuarem a manter laços com a família paterna da Angelina. Na altura era director comercial da Rede Record, hoje é o vice-presidente comercial do Grupo.