Memórias. 1971. Quecas em Lisboa

A propósito do meu relógio biológico e da minha sesta de hoje à tarde

Para evitar alguns comentários nas redes sociais é melhor ser menos público...

Esta é inocente. Sempre trabalhei muitas horas e nos anos em que também tinha vida social muito activa, gostava de bater uma sesta. Na Mercuri International em Portugal ‘Micaela, uma hora’ e fechava a porta do meu gabinete. Punha uma almofada em cima da secretária, deitava a cabeça e 5 minutos depois já ressonava (dizem). ‘A chefe está ocupada. Não se pode entrar’.

Esta é menos. Com 20 anos quando a minha filha nasceu e fomos viver para casa da minha Mãe, a senhora achou que me punha um bocado de juízo se eu não saísse à noite. “A menina sabe que durmo muito mal. A bébé mexe-se muito e acorda muitas vezes”. Quando sugeri uma amiga vir tomar conta à noite “Não, nem pensar”. Aí tivemos a conversa.  ‘Mamã, é para evitar que ande com alguém? Primeiro uso pílula. Segundo, gosto muito mais de dar uma queca durante o dia.’ Coitada da senhora. Na altura o meu irmão mais novo, o Luís, tinha uma namorada fixa, a Teresa, com quem se casou um ano depois. Passei a sair à noite e a Sofia dormia no quarto dele(s).

Com o mano Luís

1971. Uma vez a Mãe fui à Ópera ao S. Carlos e o Luís convenceu-me a organizar uma ceia lá em casa e depois cada um ficava com os respectivos namorados.  Imaginam a cara da senhora a abrir a porta do meu quarto, os dois nus, esbodegados? Quem me manda gostar da luz acesa?! Lá fui às escondidas ao quarto do meu irmão e consegui pôr a minha futura cunhada na rua sem ser apanhada. Sempre nos rimos com esta cena. Quer dizer: eu e a Teresa. A Mãe ficou sem me falar durante uns tempos.

1972. Casamento do Luís e da Teresa. Ao meu lado o nosso vizinho do 2º direito, José Duarte Almeida. Um querido amigo, nada a ver com esta história.

Uma última. Sempre dormi pouco. Durante muito tempo achei que 4-5 horas eram suficientes. Só com 50 anos o meu médico naturopata teve de assustar-me para eu passar a dormir 6-8 horas. O certo é que o meu relógio biológico desperta bem cedo, até às 6h30, independente da hora a que me deito. E mesmo nos fins de semana, nas férias…Tive de aprender a ter uma rotina para adormecer mais cedo.

Bom quando acordo, estou cheia de vontadinhas. Os homens é de ir à casa de banho. As minhas é de tesão mesmo. Imaginam eu a viver com um noctívago e dorminhoco de manhã? À noite eu ainda podia dar uma queca, meio rápida. Então às 6 da manhã, bastava-me encostar, o querido reagia logo e quando acordava já estava a meio da festa e nem tinha percebido como lá tinha chegado. Hoje creio que era um pouco abuso...Custava-lhe tanto levantar-se a seguir e ir trabalhar. E euzinha super bem disposta e cheia de energia...