Fazer topless é um direito adquirido: igualdade de género
“O meu corpo, se eu quiser, quando eu quiser, assim como é”
Sou da geração em que fazer topless era (é) um direito adquirido. Para mim expôr livremente as partes do corpo que os homens expõem é parte da conquista pela igualdade de género. Enquanto o nudismo tem enquadramento legal nas praias portuguesas, o tronco nu das mulheres só tem consequências se houver queixas. Como o grupo Les Tumultueuses sou defensora de "O meu corpo, se eu quiser, quando eu quiser, assim como é". Sem exibir o corpo perfeito.
Com as preocupações à exposição solar a prática do topless hoje em dia é usada como arma de associar os seios femininos à sexualidade. Creio que a provocação está nos olhos de quem observa e isso sim é perverso.
Após o 25 de Abril adorei a liberdade de apanhar sol e nadar à vontade. A princípio ia, ainda meio às escondidas, às praias do Meco, da Zambujeira do Mar, da Bela Vista (a 19 da Caparica) com a tia Alzira e levávamos connosco jovens da família e os seus amigos. Nos anos 80 já fazia topless naturalmente no Algarve, em Porto Covo e no Porto Santo. Alugava casa no Campo de Baixo ou na Calheta para ficarmos mais à vontade (eu e a geração seguinte de mulheres).
Em 1994 a passar férias com um grupo de amigas no Brasil ficámos pasmadas no 1º dia na praia. Voltar ao hotel a correr para ir buscar as partes de cima dos biquínis!
Quando vivi no Brasil (1995-2006) a explicação ‘A questão é que o biquíni brasileiro é utilizado para seduzir, sensualizar. Neste país o topless é crime de ato obsceno e pode dar pena de até um ano de prisão, ou multa. Nós somos criadas, como mulheres, tentando lidar com a sexualização constante dos nossos corpos, ao mesmo tempo que aprendemos que eles nunca serão bons o suficiente. Sentimos culpa de não ter um corpo perfeito, sentimos culpa por mostrá-lo demais e também sentimos culpa se queremos escondê-lo’.
Considero o topless ou o nudismo como um grito de liberdade e aceitação natural do seu corpo. Nada a ver com a exibição para os outros e não tem nada de obsceno. Senti necessidade de fazer esta declaração de princípios, hoje depois do elogio de um amigo.
Em Portugal e noutros países há um retrocesso e as gerações mais novas aderem menos ao topless. Creio que ninguém tem de o fazer para se sentir feliz. Também ninguém deveria sentir-se inibida de o fazer porque os mamilos alheios incomodam alguém. Em Portugal garanto que se, numa praia ou piscina, alguém chatear uma mulher por isso, vou obrigar a Polícia Marítima a chatear também os homens pelo topless masculino.
Muito bom ......... Um grande beijinho