Tinha chegado de férias na Madeira quando fomos à festa do Banana Power no Algarve. Fim de semana tudo pago no Club Med na Balaia. Para mim estes eventos eram puro trabalho. Claro que aproveitava para me divertir um pouco. Fazia questão de separar a vida pessoal da profissional. Nos convites para duas pessoas a minha companhia era um amigo da família.
Com 37 anos estava a viver uma paixão assolapada. A sentir-me muito bem na relação aberta com o israelita Yigal que tinha casa em New York e trabalhava pelo mundo. A ansiedade com que eu vivi esse ano de 1987. Do telefonema quase diário - aquela voz que me fazia tanto tesão. Dos encontros intensos em Paris, Florença, Frankfurt, Londres – a premência de sentir o corpo perto um do outro. A sua obsessão em dar-me prazer tinha-se tornado um vício.
O meu ar de fêmea satisfeita devia intrigar na revista. Só a Xana Neto o viu uma vez no hotel Ritz. Quando informava ‘Vou para fora. No dia x já cá estou.’ O João Tito de Morais sorria. O Xis Calheiros ‘Com quem?’. Já me conheciam há muitos anos. Tinha o seu respeito por ser uma mulher livre. Saía a rir.
Nestes eventos encontrava muitas pessoas que conhecia bem ou que sabia quem eram. Nos dois anos que vivi na Madeira (1972-74) tive experiência com este ambiente de ‘sempre em festa’, de beber demais para extravasar, de dançar até de madrugada, de atrair olhares. Aqui era trabalho de relações públicas. Quando me viam com um fotógrafo ‘É para a revista Élan’, as poses divertidas para aparecerem no Porteiro da Noite. Este chamariz durou ainda dois anos.