Um amigo estava cheio de dúvidas para aceitar uma promoção. Implicava mudar para um país fora da Europa. A maior dúvida era que, para levar a namorada com quem vivia, tinham antes de casar.
Já nos conhecíamos há uns anos das reuniões internacionais da empresa. Ele era um homem MUITO bonito, super charmoso. Eu achava muita graça aquele estrangeiro, dez anos mais novo, fazer-me namoro. O pai pertencia à geração mais sénior da empresa. No dia em que me apresentou a mãe fiquei meio perplexa. A senhora só tinha mais 8 anos que eu. Simpatizámos logo uma com a outra. O que arrefeceu um bocado o meu interesse pelo rapaz.
Quando fomos seleccionados para participar num projecto internacional com oito colegas de todo o mundo, acabámos por nos encontrar com frequência. Cada dois - três meses durante dois anos. Cinco dias de trabalho muito intensivo sempre em países diferentes na Europa. Naturalmente os dois ficávamos juntos nos trabalhos de grupo, nos almoços. O líder do projecto gostava de se recolher às 18h, pelo que depois todos do grupo aproveitávamos para passear e explorar uma nova cidade. Só nessa altura me lembrava que era a única mulher. E alinhava nos programas deles divertida e com prazer.
Foi quando veio com a notícia do convite que lhe tinham feito para ir trabalhar noutro país. Já só estávamos três no bar do hotel. Lá fora neve. Ele estava tão perdido. Era um desafio profissional muito importante mas tinha algum receio de se aventurar sózinho fora da Europa. Gostava da companhia da namorada, lá admitiu que a melhor opção era mesmo casar-se.
Foi dos whiskies? Do tabaco? Ou de eu ter querido dar colo àquele jovem homem grande, normalmente tão confiante? Sei que mal cheguei ao quarto liguei para vir ter comigo. Resolvi oferecer uma despedida de solteiro. À maneira. Era claro que eu tinha mais experiência. Estava encantada de poder explorar todo aquele corpo. Musculoso. Lindo. Insaciável. Que se abria extasiado ao descobrir prazeres novos. Foi uma noite de dádiva total sem amanhã. Às 7h foi tempo de tomar duche, cada um fazer as malas e voltar ao seu país.
Duas semanas depois: ‘Vou a Lisboa. Preciso muito falar contigo’. Afinal tinha desistido do casamento. A boa da Isabel Maria sentia a tensão sexual ali à beira Tejo. Nem sei o que me estava a passar pela cabeça. Só que estava muito excitada.
Nada preparada para aquela confissão. A olhar com um ar tão querido. A passar a mão na minha. Queria agradecer eu tê-lo ajudado a assumir a bissexualidade. Ter descoberto o seu ponto G. (Rimos – ah afinal também tens!). E o prazer que sentia com sexo anal. Depois do nosso encontro tinha perdido o medo e esteve com um amigo. Homem. Continuava a gostar de mulheres. E a descoberta desse seu lado tinha sido importante para se sentir inteiro sexualmente. Gostei de saber que tinha conseguido falar abertamente com a namorada. E decidido ir sózinho. Toda a tensão sexual transformou-se em carinho. Passeámos por Lisboa de mão dada. Dormimos juntos. Em conchinha. Abraçados.
Foi-me dando notícias. Profissionalmente estava tudo a correr bem. Tornou-se difícil viver num país que discrimina orientações sexuais ‘minoritárias’. Acabou por voltar à Europa. No ano em que eu fui trabalhar para o Brasil. Perdemos o contacto. Por outras pessoas soube que está bem.