Deliciosas as viagens à ilha em Agosto.
Bem me ri com memórias de outras ilhas e de outros hotéis
Segundo esta história de Gabriel García Márquez a personagem teve a primeira aventura extra-conjugal aos 40 anos e depois um caso por ano, quando voltava à ilha em Agosto.
Só agora me lembrei que mulheres da minha família divertiam-se com as minhas muitas histórias amorosas. No fundo as que foram casadas com um único homem, a avó Bernarda e a minha Mãe, gostariam de ter tido esse tipo de experiências? A tia Alzira que nunca casou e sempre viveu com bastante liberdade, confidenciou-me a sua tristeza ‘por se ter guardado’. Em criança na Madeira conheci-lhe um ou dois namorados. Como viajava para Londres com frequência sempre imaginei que teria tido alguns amantes. Também sei da sua mágoa com a minha Mãe por causa do assédio do meu pai em nossa casa. Afinal conheço pouco da sua vida amorosa.
Esta madeirense, mulher muito avançada para o seu tempo, independente, apaixonada pela vida, amante dos prazeres, sempre a rir, é o meu modelo. Sem uma pergunta ou crítica quando aos 20 anos fui mãe solteira, ajudou-me a ir para Londres onde fiquei com amigos seus até a Sofia nascer. Com esta grande amiga descobri as Praias do Meco e a 19, o ioga, Anais Nin, Emanuelle, etc, etc.
Com 20 anos fiquei totalmente fascinada pela escritora de literatura erótica feminina. The House of Incest marcou-me profundamente: revivi a relação sexual com o meu cunhado, 30 anos mais velho, e a vida boémia da bolha publicitária de Lisboa nos anos 68-70 (MadMen à portuguesa).
Gostei tanto de 'A Spy in the house of love'. Revejo-me na Sabina, mulher dividida em vários esboços, várias silhuetas. Mulher que ultrapassa os seus limites quando consegue a metamorfose total: ser livre como um homem para poder sentir prazer sem amar.
A querida tia Alzira foi a única pessoa que conheceu toda a minha vida sexual. Todos os casos. Todos os detalhes. Entre 72-78 na Madeira e em Lisboa; de 78-81 em New York; e a partir daí de novo em Lisboa até à sua morte.
Sempre foi a minha grande companheira. Sempre disponível, do coração aberto, sem julgamentos nem críticas. A única pessoa no mundo em que confiei totalmente. Nem posso dizer que é quem me faz mais falta. Sei que se ri aqui ao meu lado. E que estas lágrimas também são suas. É o meu anjo da guarda.
Já ouço as suas gargalhadas com as histórias que vou contar a seguir. Umas passadas no hotel Ritz. As outras na ilha do Porto Santo.