Adoro a história de como o Raul Calado ficou publicitário para o resto da vida. Foi partilhada na homenagem que no Museu da Publicidade lhe prestámos em Maio de 2016:
«RAUL CALADO: Colaborava com o Diário de Lisboa, o Notícias da Amadora e o Jornal do Fundão fazendo crítica de Cinema e artigos de opinião, quando recebeu um telefonema do Eurico da Costa a propôr-lhe emprego na CIESA. Disse-lhe que costumava ler o que ele escrevia e achava que poderia dar um bom publicitário. A 1ª campanha foi a do Shelltox, com os insectos "humanizados” que gerou polémica no interior da agência: as regras diziam que um anúncio tinha de mostrar a embalagem, os papéis não mostravam; depois todos os textos até diziam mal do produto. “Dr. Calado, não fique aborrecido, mas deite tudo fora, faça outra coisa.” E ele, calado e tímido: “Mas os senhores da Shell já aprovaram tudo". “Alto lá!!!”, disse o Administrador. “Já aprovaram? Siga com tudo. O cliente tem sempre razão. Mas oiça o que lhe digo: aquilo não vende uma embalagem de Shelltox”. Só que as vendas do insecticida aumentaram 800%. E o Raul ficou publicitário para o resto da vida.»
Em Fev. 1987 tive a grata surpresa de ver publicado na revista Élan este conto de Raul Calado. Que o conhecia também como Pai do Nuno Calado, meu querido ex-colega da J. Walter Thompson no início dos anos 80.