O espelho de narciso
E nessa manhã, que começou enevoada
E assim continuou pelo dia fora,
Ficaste nos lençóis de flanela embrulhada
Passando uma mão pelos seios,
Outra pelas pernas, sonhando comigo.
Que pretensão?!
Abriste a boca e dardejando a língua
Salivaste e com as pernas unidas
Os músculos retesados e os olhos fechados
Disseste o meu nome.
Que pretensão!?
Gritaste como sempre fazias quando o amor
Acontecia.
E eu, que estava a muitos quilómetros de distância
Senti-te e admirado pela sensação que me rasgava
(como se uma pata de ursa me fendesse as costas
Fazendo-me entrar na caverna que se escancara
E fecha e abre, ditas as palavras mágicas: amor, amo-te!)
Gostei ainda mais de ti.
Poema, da série erotismo, publicado no livro "gárgulas e gargantilhas" da autoria de Carlos Arinto.